Bebeto de Freitas diz que Botafogo voltou no tempo, mas mostra otimismo

Presidente durante a primeira queda para Série B, ele afirma que cenário atual é menos pior do que era em 2003

 

Rio – O Botafogo vai voltar a um lugar que nem o mais pessimista alvinegro poderia imaginar nos seus piores pesadelos: a Série B do Brasileiro. Ex-presidente, Bebeto de Freitas faz um diagnóstico parecido com o que encontrou em 2003, quando o clube disputou a Segundona.

Sem jogadores e dinheiro para investir, ele contou com a credibilidade do então técnico Levir Culpi para montar a equipe que voltaria à elite com o Palmeiras — na época, só dois times eram promovidos. Apesar das semelhanças, Bebeto de Freitas diz que a situação de Carlos Eduardo Pereira é um pouco melhor que a dele, apesar da desastrosa gestão de Maurício Assumpção, que entregou o clube com imensa dívida.

Confira a entrevista:

PANORAMA EM 2003

“Quando assumi o Botafogo, no dia 3 de janeiro, o encontrei sem documento. O primeiro ato que fiz foi assinar um boletim de ocorrência na 10ª DP, pois o Mauro Ney (Palmeiro, ex-presidente) havia me dito que tinham roubado documentos e danificado os computadores do clube. Estávamos na Série B do Brasileiro, era uma favela. O clube que mais cedeu jogadores à Seleção não tinha campo para treinar. Tínhamos Caio Martins, onde não se pagavam água e luz. General Severiano era outra favela e o campo, de terra.”

FORMAÇÃO DO TIME

“Haviam 15 jogadores. Quem contratou os atletas que atuaram na Segunda Divisão, obviamente, foi o Botafogo, mas quem os fez vir foi o Levir Culpi. Ele telefonava e pedia que viessem. O Valdo voltou a jogar por causa dele. Levir, Valdo, Túlio e Sandro… Eu e o Botafogo não esqueceremos jamais deles.”

VICE-CAMPEÃO DA SÉRIE B

“Em 2003, só subiam dois times. Graças a Deus, no próximo ano sobem quatro. Mas vamos ver os que desceram. Têm equipes importantes, com torcida e trabalho. Antes, se jogava um turno, se formavam chaves de quatro e depois um quadrangular para classificar dois. O Botafogo subiu antes de jogar com o Palmeiras na última partida. Perdemos fora de casa já classificados. Se dependesse da vitória no último jogo, talvez não tivéssemos subido.”

 

COMPARAÇÃO COM 2015

“Comparar 2003 com 2015 é comparar alhos com bugalhos. Em 2003, além da dívida, que não se sabia o que era, não tínhamos onde treinar. Quando assumi, a diretoria do Mauro Ney já tinha antecipado todos os direitos de transmissão de TV entre 2003 e 2005. Eu não tinha dinheiro e, na contabilidade, esse dinheiro não aparece. Há só um caminho: recuperar tudo que tinha preparado há 12 anos. O Botafogo voltou 12 anos, ainda bem que com lugar para treinar e estádio. Pelo menos, com os documentos lá dentro.”

FRACASSO DE ASSUMPÇÃO

“Ele dizia que a folha de pagamento era de R$ 2 milhões. Mentiu. Com este valor, não dava para ter os times de 2010, 2011, 2012 e 2013. É questão de mercado. O Botafogo foi à a Libertadores, mas rasgando seu próprio sangue. O Maurício já tinha arrebentado o clube. Ele condenou o futuro do Botafogo e não o fez sozinho. Quem sonegou a Justiça do Trabalho foi a gestão financeira, com apoio do presidente. Ninguém está tirando a responsabilidade dele, mas por que tiramos o diretor executivo Sérgio Landau de tudo isso?”

NOVA DIRETORIA

“O Botafogo terá que fazer o que foi feito antes, com a diferença que, se tivesse tido uma gestão financeira correta, estaria sem dívida. O Carlos Eduardo está com a faca e o queijo na mão e pode mostrar o que acontece. Ele pode falar, mas não vai e o clube continuará fechado. O problema é a política. O Botafogo é um clube que ficou pequeno dentro de General Severiano e o presidente é eleito com 400 e poucos votos. Só vai dar um salto se a torcida impor o sócio-torcedor com direito a voto.”

 

 

Bebeto de Freitas defende quantidade para gerar qualidade no esporte brasileiro

Profissional fez palestra no 2º Seminário de Capacitação Profissional em Esportes

Bebeto de Freitas não usou recursos tecnológicos. Preferiu uma conversa informal, no sistema de perguntas e respostas. Foi o suficiente para prender a atenção dos treinadores, professores de educação física e estudantes que acompanharam nesta quarta-feira pela manhã (10/12), no plenário da Câmara de Vereadores, a abertura do 2º Seminário de Capacitação Profissional em Esportes, Lazer e Eventos. A promoção é da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville (Felej). Continue lendo “Bebeto de Freitas defende quantidade para gerar qualidade no esporte brasileiro”