The Volleyball World Mourns The Death Of Legendary Bebeto de Freitas

It has been announced by Globo.com that legendary volleyball coach Bebeto de Freitas has passed away in Brazil. The International Volleyball Hall Of Fame inductee was 68 years old and was currently the general manager of one of Brazil’s most successful soccer clubs, Atlético-MG, a career path he chose after leaving volleyball due to his many fights with the sport’s governing authorities.

One of the country’s most important volleyball figures of all time, Bebeto leaves an enormous legacy behind. As a player, he represented Brazil in two Olympic games. He then left for the USA, to help it first professional volleyball to league to moderate initial success. It was as a coach though, that he rose to international stardom. His fame started in Brazil first for taking the country’s male national team to a silver medal in the 1984 Olympic Games, and second for being the mentor of Bernardinho and José Roberto Guimaraães, who were both his players and later assistants, and who later went on to win 10 Olympic medals as coaches between them.

The 1984 Olympic volleyball medal made volleyball explode in Brazil, causing the team, dubbed Silver Generation, to become instant rock stars. Bebeto then moved to Italy, where he conquered the word with the Azzurra squad by winning the 1998 FIVB World Championships.

Bernardinho and Guimarães weighed in on the loss of their mentor:

“Bebeto was very important. He was very young, at only 68 years old. He was a guy who transformed volleyball. The Silver Generation was born out of his hands. He was an innovator. A guy who did so much for volleyball. A warrior, a battler. A really incredible guy. Volleyball is what it is today because it had precursors like him. Bebeto was more than a coach to me, he was a friend. Brazil and volleyball lost an icon. It’s a shame he ended his life away from volleyball because he gave so much to the sport. By fighting what was wrong inside the sport, he ended up turning away from it and build a solid career as a soccer general manager. I think this was an incredible loss for us. If volleyball is certainly where it is today, Bebeto was largely responsible for that. So it’s a very difficult, hard time. It was a surprise. I’m sad, very sad.”Bernardinho

“Brazil lost a great figure, not only as a person, but also as a sportsman. I have a lot to thank Bebeto for the opportunities he gave me, for being his technical assistant. I always say he was my mentor. He was the one who gave me the opportunity, guided me, helped me, inspired me. It was extremely important to all of us from all generations of volleyball. He invented a volleyball school, as well as being a great person. He was a trainer ahead of his time. I think we lost a lot with Bebeto’s absence from volleyball later in his career. I pray that family be comforted in this difficult time for all of us. If we have the best volleyball school in the world, we have to thank Bebeto. He inspired people. His life was volleyball and family. Anytime for him was a time to talk fundamentals, planning, preparation. It was all his school, his head. He called me a “kid”: “Boy, I’m realizing that you’re going to want to be a volleyball coach. I will not give you much advice, but I’ll tell you something, do not copy other coaches. ” That inspires my life to this day, based on Bebeto’s teachings, what he created and what he guided us to. He was way ahead of his time.” – Guimarães

The president of the Italian Volleyball Federation Bruno Cattaneo, and one of his predecessors, Carlo Magri, also mourned the news:

Thinking of Bebeto can not fail to remind me of the many successes obtained in Parma and the national team, among which obviously stands out the Tokyo World Title in 1998. I am convinced that anyone who has known him carries an indelible memory . The whole world of volleyball must be grateful to Bebeto, because it is also thanks to his work that our discipline has developed in an important way. I want to send my most heartfelt condolences to his family.”

“The disappearance of Bebeto has caused me a great pain, for seven years I can say that he was an integral part of my life. During the period of the club and the national team a deep relationship had been created, even if some misunderstandings were not lacking. At the technical and management level of the game I have always considered him the best coach I have ever known, he knew how to read the matches with great clarity. He also had the great ability to see the talent and technical skills of the players, being very flexible in making the same athlete to play even more roles. In a general sense, he was a great connoisseur of all sport.”

 

Bebeto de Freitas: “o esporte brasileiro não existe”

Bebeto de Freitas já era um consagrado treinador de vôlei, com medalhas de prata na Olimpíada de 84 e no Mundial de 82, quando enfim entregou os pontos e deixou o emprego de professor de Educação Física concursado do Estado do Rio de Janeiro. Isso ocorreu em 1990, quando aceitou o convite do Maxicono Parma, pelo qual conquistaria cinco títulos, o que o catapultou ao banco da seleção italiana. Comandando a Azzurra, Bebeto foi campeão do Mundial de 1998.

Os 17 anos de aulas em várias escolas do Rio não lhe deixaram saudades. Desde então, viveu os últimos anos como treinador, passou duas vezes pelo Atlético Mineiro, como manager e diretor executivo, e foi presidente do Botafogo entre 2003 e 2008. Vinte e sete anos depois de deixar o cargo de servidor, o sobrinho de João Saldanha, primo de Heleno de Freitas e pai de Rico de Freitas, treinador das medalhistas olímpicas Ágatha e Bárbara, exerce um cargo público, o de secretário municipal de Esporte e Lazer de Belo Horizonte, a convite do amigo Alexandre Kalil, prefeito da capital mineira.

Idealista, Bebeto foi um dos primeiros a peitar Carlos Arthur Nuzman, que foi presidente do Comitê Olímpico do Brasil de 1995 a 2017. Crítico severo das mazelas do esporte brasileiro por décadas, o ex-treinador tem agora a oportunidade de contribuir para que a população belorizontina tenha mais acesso ao esporte, e parece muito empolgado com essa perspectiva.

Confira abaixo a entrevista com essa voz dissonante que nunca fez questão de fazer parte do coro dos contentes do vôlei:

Portal da Educação Física: Bebeto, você foi professor de Educação Física por muitos anos. O que poderia nos dizer a respeito das alegrias e tristezas que encontrou na profissão?

Bebeto de Freitas: Foi por volta do final de 1973, começo de 74, que resolvi prestar concurso para professor do Estado do Rio. Na época eu jogava pela seleção brasileira, e era um emprego que me servia bem, eu tinha dispensa do trabalho para poder defender o Brasil. Não tenho do que me queixar quanto a isso. Mas do ponto de vista de possibilidades de trabalho e estruturação, deixava muito a desejar. Víamos que não iríamos a lugar comum. Não tinha área compatível para o esporte nas escolas. Meus alunos de 14, 15, 16 anos, não tinham nenhuma atividade física condizente com aquilo que o adolescente precisa. Já tínhamos, na época, pesquisas que demonstravam os benefícios do esporte, inclusive no sentido do desenvolvimento intelectual. Mas não havia nenhuma possibilidade de desenvolver o trabalho. Eu dava aulas em campos abertos, sem grama.

Que tipo de atividade você conseguia desenvolver?

Através da bola, eu procurava motivá-los. Procurava ministrar algum tipo de atividade física, como um aquecimento mais forte. Sempre procurei fazê-los melhorar de rendimento, mas não tinha condição de avaliar aqueles meninos. Estavámos sempre no fio da navalha. Eu me recordo do Admildo Chirol (preparador físico da seleção brasileira nas Copas de 70, 74 e 78), que também era professor de Educação Física. Faleceu um garoto, que tinha uma doença congênita, durante uma aula dele, e lembro de todas as aporrinhações que esse episódio lhe causou. Nunca fui satisfeito para o trabalho, a partir do momento em que via que não conseguia produzir o necessário.

E nesse contexto, e talvez devido à atividade de treinador, é que você resolveu se desligar do cargo?

Sempre conciliei várias atividades. Por muitos anos, fui professor da Universidade Gama Filho, da Escola Naval, professor do Estado e técnico do Botafogo. Eu larguei a profissão porque, em 90, pedi uma licença não-remunerada para poder ir trabalhar na Itália. Não me deram, e aí larguei. Fui chamado de maluco.

Se continuasse, você poderia ter conseguido uma aposentadoria como professor.

Sim, mas uma aposentadoria de professor…Infelizmente, é uma profissão muito desvalorizada. É triste ver isso. Estamos no meio de uma epidemia de obesidade juvenil, de diabetes precoce. Antigamente, o diabetes alcançava as pessoas numa idade mais avançada. Hoje, isso ocorre mais cedo. E isso tem ligação com a desvalorização do professor de Educação Física. As pessoas veem o esporte como um jogo, mas o esporte é uma ciência.

Agora, tantos anos depois, você tem a oportunidade de dar alguma contribuição ao esporte. Sabemos dos problemas financeiros das administrações municipais, a queda de arrecadação provocada pela crise econômica. Nesse cenário, tem conseguido exercer um trabalho satisfatório?

Nosso trabalho tem algumas particularidades interessantes. A primeira coisa que fizemos foi contratar analistas de políticas públicas. A partir daí, estruturamos o trabalho. Temos parceria com a Secretaria de Educação. Há um programa da prefeitura, que dá desconto no IPTU em troca da cessão dos espaços dos clubes para 120 mil alunos da rede pública municipal. Eles utilizam os clubes num período ocioso das agremiações, das 9h às 15h. Belo Horizonte é uma cidade peculiar, com um monte de clubes espalhados pelos bairros. Com essa mesma ferramenta, o desconto do IPTU, conseguimos viabilizar o programa Vida Ativa, para pessoas com mais de 50 anos. E temos o projeto Superar, que dá atividade física para portadores de deficiência. Saltamos de um para três centros com essa finalidade. Aqui não tratamos de esporte de alto rendimento. É essa a política do prefeito, que se elegeu com esse discurso, do social.

No final do ano passado, figuras como o Alexandre Kalil e o João Doria, que se elegeram com um discurso de que não eram políticos, suscitaram uma grande curiosidade e expectativa. O Doria tinha o projeto de ser candidato à presidência pelo PSDB, mas esses planos parecem ter naufragado e o candidato deverá ser mesmo o Geraldo Alckmin. E o Kalil? Ao final do primeiro ano de seu mandato, o que poderíamos dizer sobre a performance dele?

São duas figuras totalmente diferentes. Tenho uma longa amizade com o Kalil, que começou quando eu era técnico da Atlântica Boa Vista (nos anos 80) e enfrentávamos o Atlético Mineiro. (O primeiro cargo que Kalil assumiu no Galo, aos 25 anos, foi o de diretor de vôlei, que exerceu de 80 a 83). Olha, basta dizer que já tinha sido convidado algumas vezes para ser secretário de esportes no Rio, e também de uma cidade paulista. Nunca me interessei. O que posso dizer é que sei para quem estou trabalhando. Fazemos aqui o que pode ser feito. Não teremos nenhum ginásio faraônico, nenhum Taj Mahal aqui em Belo Horizonte. Mas as pessoas estão praticando esporte na cidade. As coisas estão acontecendo.

Você foi um dos primeiros a peitar o Nuzman, e este ano ele foi preso. Você conseguiu enxergar, talvez, sinais de picaretagem antes dos outros?

Não vou falar em picaretagem. A Justiça está examinando isso. Eu simplesmente não concordava com o que ele fazia com o vôlei, e que depois foi fazer com todo o esporte brasileiro. Ele percebeu que, se investisse nas seleções brasileiras, teria mais patrocínios e exposição. E aí ele abandonou o vôlei. Sempre disse que o vôlei no Brasil não está à altura do vôlei do Brasil. Nossos campeonatos, nossa estrutura, ficam muito a desejar num país que é o mais bem-sucedido da história do vôlei.

Você já apontava problemas antes mesmo do Pan de 2007, numa época em que muita gente estava eufórica com grandes eventos.

Hoje há muitos arquitetos de obra pronta, questionando o chamado legado da Olimpíada. O Pan é um engodo maior que a Olimpíada. É um evento que não tem mais a importância que tinha na época em que eu era atleta. Naqueles tempos, o Pan era classificatório para a Olimpíada na maior parte dos esportes, e hoje isso não mais ocorre.

Demorou muito para que Nuzman viesse a ter problemas com a Justiça. Você vê nisso responsabilidade da imprensa esportiva, mais preocupada com os resultados dentro do campo ou da quadra do que na administração do esporte?

Os maiores responsáveis por essas questões são os atletas, técnicos, federações e confederações. Sempre tivemos certeza de que coisas erradas aconteciam. A culpa é dos que não tiveram coragem de botar o dedo na ferida. A mídia tem uma responsabilidade secundária, por julgar tudo com base em resultados. Se o clube ganha, a administração é uma maravilha. Se perde, é uma merda.
E hoje o esporte brasileiro paga o preço.

As confederações seguiram o mesmo caminho do vôlei. Todas foram atrás de resultados na Olimpíada. Preocuparam-se com as grandes coberturas, mas se esqueceram das fundações do prédio, dos pilares, do primeiro andar. O esporte brasileiro não existe segundo os parâmetros que o definem. Não temos uma massa de praticantes. É dessa massa que deveríamos extrair a qualidade.

Por falar em fundações, como andam as competições escolares? Trata-se de uma boa vitrine para os clubes detectarem talentos, não é? A trajetória de muitos atletas importantes do Brasil ganhou outros contornos a partir de competições escolares.

Mais de 90% dos atletas que se destacam em competições escolares já são filiados a clubes. Se quisermos fazer do esporte escolar a estratégia de desenvolvimento do esporte no Brasil, teremos que investir em quadras, em estrutura. O que se gastou com Pan e Olimpíada seria suficiente para esse investimento. Perdemos uma oportunidade.

Como estão as competições escolares em Belo Horizonte?

Desde 2001, a prefeitura terceirizava os Jogos Escolares. Uma empresa os realizava. Assumimos de novo essa tarefa, e tivemos recorde no número de inscrições. Vamos fazer de tudo para incrementar esse competição, e, obviamente, vamos ter crescimento.

Bebeto de Freitas chora ao comentar prisão de Nuzman: ‘Ditadura esportiva’

Ex-levantadora Jackie Silva não se surpreende, mas considera episódio triste

A notícia da prisão de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), causou perplexidade e comoção entre ex-atletas que estiveram na linha de tiro do dirigente, eleito presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) pela primeira vez em 1975. Ex-jogador que, como técnico, comandou a chamada geração de prata nos Jogos de Los Angeles, em 1984, Bebeto de Freitas divide sua tristeza com Jackie Silva, a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha de ouro olímpica (no vôlei de praia, ao lado de Sandra, em Atlanta-96). Emocionado, Bebeto chegou a chorar. Continue lendo “Bebeto de Freitas chora ao comentar prisão de Nuzman: ‘Ditadura esportiva’”

Bebeto de Freitas: ‘O vôlei não se surpreendeu com esse escândalo’

Exilado do esporte por opção ou falta dela, o ex-técnico e dirigente guarda glórias e dores no peito e num acervo de quatro décadas

RIO – Ao criticar a má distribuição dos recursos do vôlei brasileiro, Bebeto de Freitas disse em entrevista a Renato Maurício Prado, em 1997, que a agência Sportsmedia “cobrava um percentual absurdo” sobre as receitas da CBV. Continue lendo “Bebeto de Freitas: ‘O vôlei não se surpreendeu com esse escândalo’”

Bebeto de Freitas: “O esporte no Brasil é uma casca de ovo podre”

Ex-técnico da seleção de vôlei faz duras críticas à gestão esportiva no país

Um dos sonhos de Bebeto de Freitas vai se transformar em realidade no ano que vem. Seu currículo extenso de conquistas no vôlei — como jogador e técnico — e a participação ativa no movimento olímpico desde 1968 o fazia ansiar pelo dia em que o Brasil sediaria uma edição dos Jogos Olímpicos. Mas agora que o feito está próximo, o sentimento é de decepção. Continue lendo “Bebeto de Freitas: “O esporte no Brasil é uma casca de ovo podre””

BEBETO: MUITO ALÉM DO SEU PRÓPRIO TEMPO

Naquela noite, o time de vôlei do Municipal tremeu. Clube da zona norte do Rio de Janeiro, não era páreo para o Botafogo, com mais da metade de seu elenco inteiro convocado para a Seleção Brasileira. Mas, o destaque dos destaques era seu levantador. Sobrinho de João Saldanha, atrevido como o tio, Bebeto (ainda não havia incorporado o “de Freitas”) era um mágico. Era o tempo em que o vôlei tinha regras muito distintas das atuais. Naquela época, havia a vantagem e o ponto só acontecia após o saque ser confirmado. O set era de 15 pontos, embora muito mais longo. Mas o que consagrava Bebeto era o bloqueio valer como toque. O levantador precisava dominar os fundamentos manchete e toque com precisão. Precisava colocar a bola na pinta para os atacantes, sem cometer dois toques ou condução. E aí, Bebeto sobrava.

O jogo contra o Municipal naquela noite foi um passeio. Três sets a zero, parciais de 15/1, 15/1 e 15/0. Do massacre botafoguense ficou na memória um lance: o ataque explodiu no bloqueio, e a bola ia cair atrás dele, sem peso, mansa. Bebeto então surge, rola e se posiciona embaixo da bola que estava a menos de um metro de distância do chão. Com um toque preciso faz o levantamento para Paulão, ponta-atacante do Botafogo. Do outro lado da quadra, o levantador do Municipal estava estático. Não montou o bloqueio duplo para evitar o ataque de Paulão. Ainda olhava para Bebeto, admirando aquele ser do outro mundo.

O tempo passou. Enquanto Bebeto incorporava o “de Freitas” e assumia o cargo de treinador da Seleção Brasileira de Vôlei, o levantador do Municipal era agora jornalista esportivo. Assim como antes, Bebeto de Freitas inovava. Ao perceber que tinha jogadores mais baixos que seus principais adversários, apostou num jeito brasileiro de jogar, incorporando a velocidade asiática no ataque e o posicionamento mais dentro de quadra das escolas soviética e polonesa. Aliou a isso, a inventividade de seus jogadores. Foi com ele que Bernard trouxe da praia o saque Jornada nas Estrelas e William o Viagem ao Fundo do Mar. Foi também de Bebeto a ideia de bloquear o saque adversário.

O Brasil, até então mediano no cenário mundial do Vôlei, passou a protagonista, conquistando a medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles. Era ele o técnico na vitória sobre a até então imbatível União Soviética de Savin e Zaitsev, no Maracanãzinho,

por três sets a dois (2/15, 15/13, 15/12, 13/15 e 15/7), partida que durou três horas e meia. Era a final do Mundialito realizado no Rio, dois anos antes dos Jogos Olímpicos. Ali, naquela quadra, naquele 25 de setembro de 1982, começava a hegemonia brasileira. Um ano depois, de novo contra a União Soviética, a histórica partida no Maracanã, debaixo de um público de mais de 90 mil pessoas e uma chuva torrencial. Mais uma vitória brasileira, dessa vez por três sets a um.

Bebeto formou uma gangue de exímios levantadores. William, Bernardinho, Maurício, Ricardinho (a quem classificava de genial), Marcelinho… todos têm no seu DNA cadeias genéticas transferidas pelo treinador. Bernardinho é o que mais se aproxima. Não pela qualidade técnica de jogador, mas pelo confessado aluno que foi. “Eu sentava ao lado dele no banco para aprender. Não era o titular da seleção e dei sorte. Suguei o que podia”, disse uma vez. Mas era o titular do time da Atlântica-Boavista, equipe profissional também dirigida por Bebeto e bancada pelo mecenas Antonio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, dono da gigante corretora de valores da época,. Saiu da seleção ao brigar com Carlos Arthur Nuzman, então presidente da CBV, e seu antigo companheiro de time, no Botafogo. Bebeto foi para a Itália provocar nova revolução e transferindo a hegemonia do leste europeu para o vôlei italiano. Por aqui, seus discípulos Radamés Lattari Filho, José Roberto Guimarães e Bernardinho tratavam de dar continuidade ao seu trabalho de fazer o Brasil liderar o vôlei mundial

Inquieto e apaixonado pelo Botafogo, Bebeto se meteu no que classificou de “a pior fria da minha vida”. Assumiu a presidência do clube e, com uma administração corajosa – e também controversa – imprimiu nova imagem, marcada, principalmente, pelo arrendamento do Estádio Nilton Santos. As constantes brigas internas no Botafogo – o gênio do tio Saldanha era uma de suas características de comportamento – fizeram com que se afastasse do clube. Um dia, chorando, disse: “eles não sabem o quanto eu amo o Botafogo. Eles não sabem”.

Inquieto, inovador, brigão, carinhoso, exigente, amoroso e genial, Bebeto de Freitas morreu. Aos 68 anos, um ataque fez seu coração enorme parar de bater. Fazia o que mais gostava: inovar. Trazia para o Atlético Mineiro um time de futebol americano, um projeto pronto, sem custo e vencedor, como afirmou em entrevista coletiva, minutos antes cair ao chão no Hotel da Cidade do Galo.

Bebeto não deixa vazios. Seu legado é imenso e sempre foi prazeroso para ele transferir conhecimento. Parafraseando Getúlio Vargas, Bebeto de Freitas saiu da vida e entrou para a história. O vôlei brasileiro é o que é, hoje, por sua culpa.

Em tempo: o levantador do Municipal que assistiu atônito aquela obra de arte produzida por Bebeto era eu.

 

 

 

Bebeto de Freitas volta ao Galo pela 4ª vez e cuidará da administração

Novo diretor de administração e controle do Atlético deixará a secretaria de Esporte e Lazer da PBH

Depois de um ano à frente da secretaria municipal de Esporte e Lazer, Bebeto de Freitas deixa a pasta para assumir a diretoria de administração e controle do Atlético. Sua função será planejar o clube e organizar o trabalho em torno do futebol. Continue lendo “Bebeto de Freitas volta ao Galo pela 4ª vez e cuidará da administração”

‘Kalil foi claro sobre a minha função: ‘É o social, Bebeto’

Bebeto de Freitas, secretário municipal de Esporte e lazer

Em 1967, aos 17 anos, ele conquistava, no ginásio do Minas, Eem BH, o título brasileiro juvenil de vôlei pelo Estado da Guanabara, o primeiro da carreira. Cinquenta anos depois, Bebeto de Freitas, que completa 67 anos neste domingo, técnico da Geração de Prata (1984), ex-presidente do Botafogo (2003-2008) e ex-diretor do Atlético (1999, 2001 e 2009), volta à capital mineira para assumir, pela primeira vez, um cargo público. Continue lendo “‘Kalil foi claro sobre a minha função: ‘É o social, Bebeto’”

Bebeto de Freitas diz que Botafogo voltou no tempo, mas mostra otimismo

Presidente durante a primeira queda para Série B, ele afirma que cenário atual é menos pior do que era em 2003

 

Rio – O Botafogo vai voltar a um lugar que nem o mais pessimista alvinegro poderia imaginar nos seus piores pesadelos: a Série B do Brasileiro. Ex-presidente, Bebeto de Freitas faz um diagnóstico parecido com o que encontrou em 2003, quando o clube disputou a Segundona.

Sem jogadores e dinheiro para investir, ele contou com a credibilidade do então técnico Levir Culpi para montar a equipe que voltaria à elite com o Palmeiras — na época, só dois times eram promovidos. Apesar das semelhanças, Bebeto de Freitas diz que a situação de Carlos Eduardo Pereira é um pouco melhor que a dele, apesar da desastrosa gestão de Maurício Assumpção, que entregou o clube com imensa dívida.

Confira a entrevista:

PANORAMA EM 2003

“Quando assumi o Botafogo, no dia 3 de janeiro, o encontrei sem documento. O primeiro ato que fiz foi assinar um boletim de ocorrência na 10ª DP, pois o Mauro Ney (Palmeiro, ex-presidente) havia me dito que tinham roubado documentos e danificado os computadores do clube. Estávamos na Série B do Brasileiro, era uma favela. O clube que mais cedeu jogadores à Seleção não tinha campo para treinar. Tínhamos Caio Martins, onde não se pagavam água e luz. General Severiano era outra favela e o campo, de terra.”

FORMAÇÃO DO TIME

“Haviam 15 jogadores. Quem contratou os atletas que atuaram na Segunda Divisão, obviamente, foi o Botafogo, mas quem os fez vir foi o Levir Culpi. Ele telefonava e pedia que viessem. O Valdo voltou a jogar por causa dele. Levir, Valdo, Túlio e Sandro… Eu e o Botafogo não esqueceremos jamais deles.”

VICE-CAMPEÃO DA SÉRIE B

“Em 2003, só subiam dois times. Graças a Deus, no próximo ano sobem quatro. Mas vamos ver os que desceram. Têm equipes importantes, com torcida e trabalho. Antes, se jogava um turno, se formavam chaves de quatro e depois um quadrangular para classificar dois. O Botafogo subiu antes de jogar com o Palmeiras na última partida. Perdemos fora de casa já classificados. Se dependesse da vitória no último jogo, talvez não tivéssemos subido.”

 

COMPARAÇÃO COM 2015

“Comparar 2003 com 2015 é comparar alhos com bugalhos. Em 2003, além da dívida, que não se sabia o que era, não tínhamos onde treinar. Quando assumi, a diretoria do Mauro Ney já tinha antecipado todos os direitos de transmissão de TV entre 2003 e 2005. Eu não tinha dinheiro e, na contabilidade, esse dinheiro não aparece. Há só um caminho: recuperar tudo que tinha preparado há 12 anos. O Botafogo voltou 12 anos, ainda bem que com lugar para treinar e estádio. Pelo menos, com os documentos lá dentro.”

FRACASSO DE ASSUMPÇÃO

“Ele dizia que a folha de pagamento era de R$ 2 milhões. Mentiu. Com este valor, não dava para ter os times de 2010, 2011, 2012 e 2013. É questão de mercado. O Botafogo foi à a Libertadores, mas rasgando seu próprio sangue. O Maurício já tinha arrebentado o clube. Ele condenou o futuro do Botafogo e não o fez sozinho. Quem sonegou a Justiça do Trabalho foi a gestão financeira, com apoio do presidente. Ninguém está tirando a responsabilidade dele, mas por que tiramos o diretor executivo Sérgio Landau de tudo isso?”

NOVA DIRETORIA

“O Botafogo terá que fazer o que foi feito antes, com a diferença que, se tivesse tido uma gestão financeira correta, estaria sem dívida. O Carlos Eduardo está com a faca e o queijo na mão e pode mostrar o que acontece. Ele pode falar, mas não vai e o clube continuará fechado. O problema é a política. O Botafogo é um clube que ficou pequeno dentro de General Severiano e o presidente é eleito com 400 e poucos votos. Só vai dar um salto se a torcida impor o sócio-torcedor com direito a voto.”